Se for confirmada a notícia de que a Scotish & Newcastle e a Carlsberg irão entender-se e formar um supergrupo no retalho de bebidas, com um volume de facturação nos 10 mil milhões de euros, podemos estar perante um caso que irá acabar com uma das guerras mais interessantes no consumo português de produtos do retalho alimentar: a Sagres vs Superbock.
O motivo é simples: a Scotish & Newcastle é dona da Central de Cervejas (Sagres) e a Carlsberg tem 46% da Unicer (Superbock). Se este negócio for para a frente, ambas as marcas ficarão no mesmo dono. E, sabendo como o mercado responde a estes casos, o mais provável é que uma delas desapareça. O problema é saber qual.
O mercado de cervejas português é destas marcas. Em conjunto, têm 74,7% do mercado, tornando praticamente impossível uma verdadeira disputa para um novo produto que apareça. A Superbock tem 37,7% e a Sagres tem 37,0%, de acordo com dados da Nielsen para Maio. É uma diferença de décimas, mas não contempla o perído de maior consumo - o Verão - nem o sucesso dos festivais de música.
A Superbock tem inevitavelmente uma maior taxa de progressão. Basta pensar que esta cerveja do Norte tem vindo aos poucos a introduzir no sul do país, sobretudo entre as camadas jovens. Pelo contrário, a Sagres nunca se introduziu verdadeiramente no Norte do país. Não há muito tempo, quando estava em Braga, conheci várias pessoas que nunca tinham bebido uma Sagres e que desconheciam o que era uma mini! Outra desvantagem é que tem uma imagem associada à pausa do fim do dia de um pedreiro e por isso penetra com maior dificuldade junto dos consumidores jovens.
Agora eu. Por mim, a Superbock pode desaparecer. É verdade que foi durante anos a minha cerveja preferida, até que por uma questão de militância sulista preferi a Sagres. Mas uma certa pessoa fez-me ver a luz e provou-me que a Sagres era cientificamente melhor. Factos: aquece mais devagar depois de aberta, não altera o trânsito intestinal, é de longe melhor na imperial e é mais amarga. De qualquer forma, não gosto de monopólios. Acho saudável que exista esta guerra enre as duas marcas e fico comovido com a divisão Norte/Sul do mercado, como se fossem produtos tão específicos como os coentros no Sul ou a truta no Norte.
(consultar a história da cerveja portuguesa aqui)
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