4.1.08

As 10 melhores de 2007

Numa onda de top ten de final de ano (já vamos no início...), aqui ficam as dez melhores refeições de 2007, sem ordem de preferência a não ser a chanfana de cabra que foi das melhores de toda a vida.
Apresento também os locais onde essas refeições foram consumidas. Os restaurantes estão em desvantagem, mas isso é só porque faltou o dinheiro e a vontade e não porque pense que se come melhor em casa, se bem que tenha vindo a ter provas reais disso.
Tentarei lembrar-me das circunstâncias e da data em que aconteceram.

A primeira, e quase uma experiência única na minha vida, foi a Chanfana de Cabra da Serra da Estrela, acompanhada com vinho tinto caseiro de Alenquer, em casa da mãe da Sandra, Tomar, já em Dezembro.
Outra grande refeição que me deixou maravilhado, ainda mais a única receita que posso dizer que é da minha autoria, foi o risotto de bacalhau com ovo escalfado, confeccionada e comida em minha casa, Lisboa, com BSE a acompanhar. Esta é a história de várias tentativas em aperfeiçoar a receita, sendo que o mais difícil foi acertar o ponto do arroz com o do bacalhau e atingir o turnover com o ovo escalfado na altura certa.
Verdadeiramente surpreendente foi a primeira tarte de limão que fiz, a partir da receita do chefe-pasteleiro do Tavares, em casa, que resultou naquilo que nunca pensaria alcançar dentro de casa: a pastelaria fina. Aqui o pormenor casa ganha uma importância maior, visto que o controle de temperatura do forno e a concentração do cozinheiro são indispensáveis. Tentei facilitar para a noite de Natal, em Tomar, com um forno cuja temperatura nunca cheguei a saber qual era e com a atenção distribuída entre o forno de lenha e outros assuntos da época, e o resultado não foi nem parecido.
Em Bolonha, passei quase todo o meu tempo livre à procura de um restaurante onde tinha estado há dois anos com a Sandra, até que o descobri mesmo no último dia, para a última refeição. O risotto de queijo Gorgonzola e nozes que almocei, com o restaurante vazio, num restaurante que nunca guardei o nome foi o prémio justo.
A sopa rica do mar, do Restaurante D. Carlos, na Ericeira, onde íamos apenas para satisfazer desejos de ameijoa, inclui peixe, marisco em quantidades que se vêem e ervilhas. Sim, ervilhas numa sopa de peixe. Eu detesto ervilhas, mas essa ficou-me na cabeça e funcionou.
Feijão preto com peixe também não devia ligar. Mas em casa do meu rmão, a mãe da Lina conseguiu o impossível e mostrou-me uma receita que hei-de repetir. Basta trocar o bacon por pescada, nada mais simples. "Nunca tinha visto?".
Qualquer Arroz de coelho feito pela mãe da Sandra é sempre um prazer. O mesmo para os bifes fritos com arroz, ovos estrelados e batatas fritas, do meu pai. Por causa desta persistência na qualidade, nem vale a pena contextualizar qual das refeições foi. Mãos experientes, é disso que se trata.
O Rancho que o meu pai fez no dia de anos do meu irmão e 1 ano de casado para mim e para a Sandra fez-me comer quatro pratos seguido e beber quase um garrafão de vinho durante essa fatídica noite, revivendo o passado no barracão.
Duas sobremesas bastante parecidas em sabor, baseadas em laranja, merecem referência. A primeira foi em Bragança, no Solar Bragançano, com um ambiente a remeter para o nobre fastio de Anna Karenina, de Tolstoi, que andava a ler. Era uma espécie de trouxa de laranja resfriada, receita secreta da proprietária do Solar aprendida "com uma senhora que já morreu e pediu para nunca dar a receita". A outra é o pudim de laranja da mãe da Sandra, absolutamente inqualificável. A ver bem, é ela a cozinheira do ano. O restaurante tem que ser o Solar Bragançano, nem que seja só pela pinta dos talheres de prata desemparelhados e louça da Vista Alegre com monograma.

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