29.1.08

Fast-food porn
















A expressão fast-food porn é de um artigo da Portfolio e perdoem-me as mentes mais conscienciosas mas não resisti a utilizar. Podia também ter seguido a do título do artigo, "Fat Profits", em português fica mais seboso, "Lucros Gordos". Relata a história de uma cadeia americana de fast-food que aposta no engrandecimento ainda maior de um produto que hoje em dia é o diabo da alimentação: o hamburger. Hamburger, Estados Unidos da América, poderá haver para a saúde humana e defensores das fatias de maçã maior bode expiatório? (Pornografia acrescenta o sentimento de exagero do que já é exagerado.)
A CKE Restaurants, com as suas marcas Carl's Junior e Harlee's (nomes incompreensíveis) pega naquilo que ninguém quer admitir e faz negócio num sector - o de fast-food - quando toda a gente diz que prefere a sopa à carne. Lança o Double Six Dollar Burger, com 1520 calorias e 111 gramas de gordura pura, 602 gramas de hamburger para os verdadeiros devotos. Num gesto de ironia para lembrar à América do que ela é feita, sai-se com o Fourth of July Burger, que em português seria a Feijoada 10 de Junho. E tem mercado. As vendas crescem a 31 por cento, onde mais nenhuma cadeia chega.
Interessante é também ver quem são os consumidores. De acordo com estudos da CKE, dois terços das lojas Harlee's são em cidades pequenas, os colarinhos azuis representam uma boa fatia do seu mercado, e um terço deles estão na faixa etária 18-34 anos. Homens, claro. Representam cerca de 70 por centro dos compradores: as calorias de um Six Dollar dão para 95% das necessidades diárias de uma mulher sedentária. Quantos deles são obesos? Não sei. Mas uma boa parte ganha mais de 75.000 dólares por ano e não se importa de gastar quando acha que vale a pena. Ah, o Six Dollar custa 3.95 dólares. Seis é o preço de marketing.

2 comentários:

rph disse...

Uma coisa te digo, Rapaz: se me apresentassem uma Feijoada 10 de Junho digna do nome eu puxava da cadeira e sentava-me. Já os hamburgers, cada vez gosto menos dos "fast" mas apreciador de um bem feito. Nunca percebi porque é que não há nas zonas de restauração casas de bifanas a servir as ditas cujas com velocidade e preço concorrentes aos hamburgers. Diz lá que não te atiravas logo a uma Bifana 1º de Maio.

Anônimo disse...

Eu peço desculpa, mas sabia o senhor que a batata doce cozinhada com água do mar e com uma pitada de oregãos sabe a ananás de cebolada??

A.Gaudêncio