27.1.08

Pão: uma história

Salário vem de sal, era essa a forma como os soldados romanos eram pagos pelo seu trabalho. Contudo, não se tratava exactamente de um salário, porque os cidadãos eram obrigados a cumprir serviço militar em nome do império e não eram pagos por isso. Além do material que necessitavam para o trabalho na guerra - roupa, armas - obviamente também era fornecida alimentação e é daí que vem este mito.
Nos primeiros tempos da expansão do império, a ração de combate consistia numa pequena quantidade de farinha distribuída semanalmente. Era com isso que deviam fazer o seu próprio pão, quase sempre a sua única alimentação. Esse pão era cozinhado em cima de chapa, ou directamente no lume, sem sal, um pouco como o pão das regiões árabes e da Índia, ainda hoje. Quando os soldados conseguiam ter sal, juntavam-no ao pão para melhorar o sabor, conforme estavam habituados a comer em casa. Mas essa era mais uma exepção do que uma regra. Daí que, em pouco tempo, o sal se tenha tornado uma moeda de troca entre os soldados romanos e tenham começado a exigir pequenas quantidades de sal juntamente com a farinha. Recordei-me desta história depois de ir a uma pizzaria recomendada por três pessoas diferentes. A pizzaria tinha sido um restaurante chinês, mas agora tinha um forno a lenha e um indiano como cozinheiro. Nada de especial neste multiculturalismo. Mas, quando começo a comer o meu calzone noto algo de diferente. A massa da pizza não tinha sal; era nan, o pão indiano. E nesse momento senti-me como um soldado romano, há dois mil anos atrás, a quilómetros de casa: sentado à fogueira, a olhar para aquela espécie de pão e a desejar umas pedrinhas de sal.

Um comentário:

Sonhadora disse...

viesses comer as pizzas do teu compadre que isso já não acontecia. hi!hi!hi!